segunda-feira, 13 de maio de 2013

Escravidão

Completa-se, hoje, 125 anos de Lei Áurea.

125 anos que a escravidão foi extinta e que toda pessoa, independente da cor ou raça, tem liberdade.

O fim da escravidão marcou o fim da comercialização de pessoas como mão-de-obra; elas não são mais
separadas da família contra sua vontade (envolvendo morte, violência e, na maioria dos casos, ódio), nem marcadas, como o boi é marcado pelo proprietário, ou jogadas numa "cela" vazia sem direito a nada. Isso tudo oficialmente, claro.

Hoje, fazemos isso por vontade própria.

Veja bem, não tenho por objetivo falar dos trabalhadores que se submetem a trabalhos em condições precárias, por uma mixaria, correndo risco de vida todos os dias. Na verdade, nem venho falar de escravidão trabalhista. Mas da escravidão do pensamento.

Eu sei que já falei disso outras vezes, por outros prismas, mas lá vai!

Desde crianças aprendemos a ir a escola - seja para socializar ou porque nossos pais não tem tempo para cuidar de nós ou para aprendermos, de fato - e desde então construímos a base de nossa educação e começamos a nortear que tipo de profissão queremos ter e os ideais/sonhos que almejamos alcançar no futuro.

Isso tudo enquanto convivemos com centenas de pessoas todos os dias, que tem diversos pensamentos, diversos ideais e sonhos que também almejam alcançar.

E aí vem as pressões, o vestibular, as escolhas de faculdades/universidades, perguntas do tipo: quero viajar agora? Quero fazer intercâmbio enquanto estiver na faculdade ou antes/depois? Quero estudar fora do BR ou aqui? Qual a faculdade que melhor proporciona aquilo que eu quero? E para trabalhar? Como o trabalho entra nos meus planos?

Aí, de repente, você só pensou e não fez nada e começou a trabalhar em um lugar ruim, que pagava bem, era seguro e o tempo passou e passou e agora você tá aí, infeliz, inseguro, estagnado e sem perspectiva. Ou, num cenário menos pessimista e mais realista, imagine que tenha algum sentimento bem ruim quanto ao seu trabalho e/ou quanto ao seu futuro. Onde está aquela vontade de mudar o mundo e fazer tudo que aparece porque acredita que aguenta e que é assim que é bom?

Viu, você está preso. Seja por medo, por motivos financeiros, por falta de qualificação ou até por preguiça. Então você é escravo da própria escolha.


Tem uma máxima rolando por aí que simboliza muito o que quero dizer: somos livres para escolher, mas escravos das consequências.


Afinal, de que adianta sermos livres para fazermos a escolha que quisermos se nos falta inteligência emocional para "sobreviver" àquilo que vier?


A mídia sempre mostra os famosos, as figuras públicas, com milhares de atividades, dinheiro e um sorriso no rosto; mas a mídia - embora ela relate com textos todo o background dos feitios - nunca vai mostrar a dificuldade, de fato, que essas pessoas tiveram para alcançarem tudo aquilo que tem.

Nunca saberemos quantas vezes eles pensaram em desistir, quantas semanas, meses, passaram sem que nada de diferente acontecesse; não saberemos o que pensavam ou o que as pessoas ao redor deles diziam, de fato. Eles sempre ressaltarão as coisas boas e dirão que venceram.

E, afinal, venceram mesmo! Me utilizando da "deixa" dos 125 anos, eles foram a princesa Isabel de suas próprias vidas.


Diferentemente do que aconteceu há mais de um século, a escravidão hoje é voluntária; temos, sim, a liberdade de escolher fazer o que quisermos do nosso tempo, de nossos relacionamentos, de nosso futuro.

Então, por favor, se arrisque! Se não conseguir de primeira, não desista. Não faça aquilo que sobrou porque o que quer "é muito difícil" ou "muito complicado", afinal, quem viverá do que escolheu é você, não os outros; quem será escravo das escolhas é você.


Fica minha contribuição para o dia de hoje. E mais uma frase para pensar:

"Sua liberdade termina onde começa a do outro".