quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Do blog da Anna

"Vai uma dica aos ignorantes:

Chamar alguém de feio, não te deixa mais bonito,
Ficar sem comer não te deixa um palito,
Excluir uma pessoa não te torna mais popular, não são as marcas que vão te rotular,
Chamar alguém de gordo não te emagrece,
Dizer que uma pessoa é triste não traz felicidade,
Falar que alguém é fraco não te fortalece,
Dizer que uma pessoa é metida não te traz a humildade,
Falar que alguém é insignificante não te engrandece,
Dizer que uma pessoa é falsa não te leva à verdade,
Dinheiro não compra felicidade,
Conhecer muita gente não é o mesmo que ter amigos,
Ser famoso é diferente de ser querido,
Sexy não é o mesmo que vulgar,
Atração é diferente de amor."



Não sei quem escreveu, mas copiei o texto daqui: http://myreflection.zip.net/arch2010-11-21_2010-11-27.html
Que é o blog da Anna. xD

sábado, 20 de novembro de 2010

As possibilidades perdidas [Viver não dói]

Martha Medeiros

"Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fim da história deles? Nahh...

"Markus perdeu todo o auto controle. Seu peito parecia não obedecer-lhe mais. Ele tinha de se acalmar.

Lembrou-se de todas as vezes em que sua presença era sentida, todas as vezes em que era notado, em TODAS elas ambos se rendiam ao desejo, mas não podia fazer isso agora, não quando qualquer oscilação no ambiente pudesse romper a estrutura da ponte.

Markus gritou, correu até Anna, olhou para ela, tentou tocá-la, avisá-la, mas era inútil, sabia que era. Porém não conseguia evitar.

Então o vento soprou, gélido, e ela fechou os olhos, se abraçando.

- Markus?

Não! Não sou eu, saia daí! Saia agora!

E então algo aconteceu, e tão rápido quanto a história deles surgiu, Anna se foi, caindo nas profundezas do nada"



Xú, tava pensando em colocar: "Então ele caiu da cama" ou "Foi o pesadelo mais intenso" para poder dar começo à parte da história em que ele procura saber os motivos de ser sentido por ela e de estar apaixonado. Algo do tipo: "Céus, não sei porquê estou aqui, mas preciso muito descobrir". Principalmente porque o desejo não vai surgir todas as vezes (vai virar livro obsceno... *risos*) em que eles se encontrarem...


A Variante

Primeira parte do texto do dia 5 de setembro.

"Anna estava sentada há horas, na mesma posição, moldando o vaso, dando forma ao barro; Markus sabia que ela procurava dar forma àquilo que sentia dentro de si, sabia que seus sentimentos eram tão intensos e confusos/conflitantes quanto os dele.
Era o sétimo vaso. Aos olhos de um leigo estavam todos muito lindos, muito perfeitos, mas ele desconfiava que ela devia achá-los ocos, vazios, desprovidos de valor. Porém, por um momento, o trabalho incessante de Anna pareceu inexistente"

A Variante (2)

Quando deitou naquela noite, Anna sonhou .

Em seu sonho, havia uma praia, uma pedra e estava entardecendo; ela estava sozinha, mas sentia a presença dele. Não estava nervosa, ou ansiosa, estava em paz. Tanto que não se importou quando sentiu o outro atrás dela a envolver com os braços, deixando-a apoiar a cabeça em seu peito.

- Quem é você?

Silêncio. Por um instante fez com que a chama da dúvida acendesse. Porém o ouviu, pela primeira vez:

- Você não sabe? - beijou sua nuca lentamente - Não mesmo?

(parte da Nina que não lembro)

Ela virou para olhá-lo, e se surpreendeu quando percebeu que olhava para o teto do seu quarto.
Gemeu de contrariedade, mas se acalmou ao perceber que ouvira sua a voz e o sentira. Era o primeiro contato concreto com aquele que tanto mexia com seus sentimentos.

A Variante (mais texto)


"A Praça.
Anna abriu as cortinas e se deslumbrou com o que via: o sol iluminava as árvores de maneira tão mágica que as folhas pareciam refletir a luz uma das outras. Não era nem começo da primavera, mas havia flores por todo o lugar.
Não saberia descrever o que sentia ao ver aquilo.
Sortuda, talvez, por morar em frente a um lugar como aquele, ou feliz por ver que a natureza mostrava todo seu esplendor, mesmo quando as pessoas tentavam destruí-la.

Animada e cheia de energia, Anna pegou as chaves e foi dar uma volta na praça."

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Morte Devagar


Martha Medeiros


Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.


Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.


Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.


Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.


Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.


Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

A gente se acostuma


Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.

Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A música das almas

Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l'eau.
Claudel

Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos...
Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Experiência Revolucionária

O AMOR É UMA EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA QUE LIBERTA SUBITAMENTE OS AMANTES


Por que se fica apaixonado? Nada mais simples. Você se apaixona porque é jovem, porque envelhece, porque é velho, porque a primavera termina, porque o outono começa, porque tem demasiada energia, porque está cansado, porque está alegre, porque está entediado, porque alguém o ama... Tenho respostas em demasia: talvez a pergunta não seja tão simples, apesar de tudo...

O amor é um desafio e é com um desafio que os apaixonados preferem estar sós no mundo. O amor à primeira vista, o amor que liga dois seres é uma experiência revolucionária, que abole o direito dos outros, libera subitamente os amantes.

O amor não teria esta sombria violência se não fosse sempre para começar uma espécie de vingança.

O amor é desafio, liberação, vingança e conquista, que satisfaz uma neessidade ambígua, indefinida ou mesmo infinita. É uma força, um desabrochar, uma relação de si a si próprio.

Por que se fica apaixonado? Nada pode ser mais completo: porque é inverno e porque é verão; por excesso de trabalho; por excesso de lazer; por fraqueza; pela força; pelo gostar do perigo; pelo desespero; pela esperança; porque alguém não o ama; porque alguém o ama.

Simone de Beauvoir

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Amor Eterno


Muitas pessoas querem encontrar um amor para a vida toda, ou amarem intensamente alguém e serem correspondidos. Posso ir além e dizer que as pessoas querem alguém compatível, alguém que as complete, que as entenda e que esteja lá a todo momento.

Mas será que isso é real? Ou o amor que começa intenso vira respeito e amizade? Será que ao longo do amor, amamos outros, sem deixar de amar a um apenas? Digo, é possível continuar amando aquele, amar sua companhia, suas palavras, seus carinhos; mas é possível amar outros também, sem deixar de amá-lo? Não falo das pessoas que amam a vários de uma só vez, estou falando dos amores que surgem, do mormaço que surge em um dia quente e vai embora no dia seguinte.


Afinal, existe amor eterno ou não?


Conheci uma menina que amou uma vez. Ela dizia sofrer pelo amado, sofrer pelas vezes que ele a ignorava, pela frieza com que era tratada, pelo mistério que era o outro para ela - até aí... Todos somos um mistério até que alguém se proponha a nos desvendar/resolver - e pela constante negatividade do amor dele, pois era sempre ela quem lhe amava.
Haviam muitas brigas, discussões, lágrimas, risos de escárnio e solidão.

O amor foi traído. Então, como uma pessoa que não para de correr até tropeçar e se machucar muito, o amor parou, acabou.

E a menina disse que era por esses sujeitos que ela não amava de verdade.

Mas, inconstante como sempre e belo como nunca, o amor voltou, arrebatador, pegando-a de surpresa. E ela, advertida pela recente dor de uma traição, pediu ao anjo para que ele a conquistasse, fazendo, dessa maneira, a experiência de amar, amável.
O amor provou-se persistente e vencedor; essa menina hoje ama intensamente, e é amada na mesma proporção. A dor passou. Novos planos surgiram, coisas que essa menina não pensava, atitudes que ela não tomaria, antes de sofrer.

Por isso eu digo que do mal sempre tiramos algo bom.

O amor dela, hoje, é calmo, pacífico, misericordioso. Sem dores, sem desconfiança, o anjo não é um mistério, e esses dois se dão tão bem, que é possível, sim, dizer que há amor eterno, que não acaba, não se finda.


Como eu sou mais racional do que romântica, das três chamas (Fé Amor Esperança), a última que morre não é o amor, é a Fé. Portanto, talvez me contradiga agora, se o amor um dia acabar, a fé de que ele ressurja não acabará, fazendo com que, talvez, ele volte.
Mais arrebatador do que nunca. Talvez um outro amor, talvez o mesmo. Quem sabe?


O amor, em si, é eterno, mas amar é uma arte e uma prática de constante dedicação. Se você não cuidar do mesmo, o jardim morre. As estações mudam, a chuva vem, o calor, e o amor pode sempre ressurgir.