sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano de 2011

"Dentro de algumas horas, depois da meia-noite, virá o Ano Novo...
O engraçado é que - teoricamente - continuará tudo igual.

Ainda seremos os mesmos.

Ainda teremos os mesmos amigos.

Alguns o mesmo emprego.

O mesmo amor!!!!

As mesmas dívidas (emocionais e/ou financeiras).

Ainda seremos fruto das escolhas que fizemos durante a vida.

Ainda seremos as mesmas pessoas que fomos este ano...

A diferença, a sutil diferença, é que quando o relógio nos avisar que é meia-noite, já do dia 1 de janeiro de 2011, teremos um ano INTEIRO pela frente!

Um ano novinho em folha!

Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever.

Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé.

Um ano para perdoarmos um erro, um ano para sermos perdoados dos nossos.

365 dias para fazermos o que quisermos!

Sempre há uma escolha.

E, exatamente por isso, eu desejo que vocês façam as melhores escolhas que puderem.

Desejo que sorriam o máximo que puderem.

Cantem a música que quiserem.

Amem muito.

Abracem bem apertado.

Durmam com os anjos.

Sejam protegidos por eles.

Agradeçam por estarem vivos e terem sempre mais uma chance para recomeçar.

Agradeçam as suas escolhas, pois certas ou não, elas são suas e ninguém pode ou deve questioná-las"



Não sei de quem é o texto, mas desejo verdadeiramente tudo isso daí.



Feliz 2011, galera. Muita paz, felicidade, saúde e realizações. Deus os abençoe.

sábado, 25 de dezembro de 2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Será que dá?

"A pessoa que não conseguia se controlar agitava as que estavam próximas. O efeito de ondulação era claramente visível à medida que a luz flamejante se estendia até o círculo de crianças. As mais próximas do instigador pareciam reagir conforme as cores e luzes fluíam delas para ele. As combinações que emergiam eram únicas, diferentes da cor daquele que estava provocando a agitação.

[...]

- Não entendo - hesitou Mack - Está dizendo que podemos reagir uns aos outros em cores?

- Sim - Sarayu assentiu - Cada relacionamento entre duas pessoas é absolutamente único. Por isso você não pode amar duas pessoas da mesma maneira. Simplesmente não é possível. Você ama cada pessoa de modo diferente por ela ser quem ela é e pela especificidade do que ela recebe de você. E quanto mais vocês se conhecem, mais ricas são as cores desse relacionamento.

(..)

- Vou dar um exemplo para você entender melhor. Suponha, Mack, que você está com um amigo numa lanchonete. Você está concentrado no companheiro e, se tiver olhos para ver, perceberá que os dois estão envolvidos numa variedade de cores e luzes que marcam não apenas o que cada um é especificamente, mas também a especificidade do relacionamento entre vocês e das emoções que estão experimentando" Tirado do livro A Cabana de William P. Young.


Ontem eu resolvi assistir a segunda parte do programa com os jovens do programa Mensagem Eficaz, da AD-Lapa (assistam, é interessante: http://www.adlapa.com/mensagemeficaz.asp). E foi interessante eles ressaltarem, logo no começo, que muitas vezes somos influenciados a fazermos coisas erradas só porque nossos amigos acham legal (pois é, eu me lembro dessa época). Além do fato de que o ideal, para o cristão, é influenciar e não ser influenciado.

PORÉM, com o texto que acabei de passar e com base na minha experiência de vida, o que acontece é que uma pessoa é sempre influenciada por outra. Então você vai sempre procurar seguir o exemplo de alguém que considera como sendo "o melhor", e este, por sua vez, vai fazer o mesmo que você. Mas acho que o que realmente quero dizer é: Não tem como NÃO sermos influenciados.

Estava conversando com uma amiga uma vez e disse para ela que até pessoas com as quais não conversarmos nos influenciam. Por exemplo, se ela fala as coisas e você se irrita, ela está causando uma reação em você. E todas as pessoas que disserem a mesma coisa que ela costumava dizer, vão te irritar também.

O que os jovens do programa queriam dizer não é que não somos influenciados, mas sim que devemos influenciar MAIS do que sermos influenciados, assim nós poderemos manter a nossa identidade, como cristãos, sem ser manchada pela corrupção existente no mundo (veja bem, o sentido de corrupção mencionado há pouco não é o político, mas sim os de valores morais e éticos).

Eu digo por experiência que quando você observa as atitudes de alguém e PERCEBE que não são atitudes corretas (ou acaba incorporando alguma delas e vendo, por conta própria, que não trazem bem algum) você se "condiciona" a não fazer nada daquilo.

Agora... O problema é incorporar as atitudes corretas. Porque muitos sabem o que fazer e NÃO fazem. Só depois percebem que se tivessem começado a agir corretamente, antes, teriam se livrado de muitas coisas.



Aproveitando o último parágrafo do texto que eu mencionei: é verdade. Não tem como amar duas pessoas da mesma maneira. Pense nos seus pais. Não tem como dizer que ama um mais do que ama o outro, mas sim um diferentemente do que outro. Achei isso SUPER interessante, talvez porque nunca tivesse verdadeiramente acreditado nisso.


Enfim, fica a reflexão.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Soneto Antigo


Cecília Meireles

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Porque quando acaba, não é 'fim'

Estava meu professor de matemática felizmente a filosofar sobre o fim das aulas do Ensino Médio.


Bem, esse talvez é o motivo de eu escrever esse post, então lá vou eu.



"Nossa vida é composta de vários ciclos. Quando criança, aprendemos a engatinhar, para depois ir apoiando nas coisas até ficarmos em pé sem ajuda. Começamos a pronunciar as vogais, para então falarmos nossa primeira palavra, e quando conseguimos falar, por fim, não paramos mais.

Tudo em nossa vida é baseado em etapas.
A comparação pode ser ruim, mas é como um jogo: a primeira fase é de adaptação, aprendemos as noções básicas daquilo, e a dificuldade aumenta a cada fase, até termos de planejar os ataques, as defesas, saber como derrotar cada inimigo etc.

E então vem o fim. Acabou. The end.

Mas será que o fim é realmente o fim?

Tudo aquilo que é datado, e que você se prepara para quando o dia chegar (seja um vestibular, uma apresentação de trabalho ou de música, um encontro, uma viagem), chega, e então acaba.
É costume nosso pensar nessas situações como sendo o fim. Mas pense bem, na verdade é um novo começo. Se você não passar no vestibular, tem cursinho no próximo ano (ou trabalho), então ao invés de estudar numa facul[universi]dade, vai fazer outra coisa. O Colegial terminou, mas outra coisa começa. Depois do encontro, vocês saem de novo (não vou entrar no quesito: geração que fica e nunca começa nem acaba nada) ou não, e então procuram outras pessoas. A viagem eu concordo que chega ao fim, mas e a bagagem cultural que você traz? Nunca se perde.

Posso ir além. Uma morte não é um fim, é apenas um começo de vida sem aquela pessoa. Você tem a fase de adaptação, onde tem de acordar todos os dias e perceber que vai ter que se virar sozinho, e que embora a pessoa tenha ido, existem outras que não foram e que também estão lá para você (e você também está lá para elas, não se esqueça disso). Até o momento em que você vai ter a lembrança da outra, e vai ficar feliz pelo que se passou.

Então, pessoas, quando algo acaba, na verdade apenas mudou.

Quem foi que disse que nada se cria, tudo se transforma? Pois é, nada acaba, mas sim vira algo novo e diferente, ao qual às vezes estamos preparados, e às vezes não, mas que faz parte da vida. E que só nós poderemos dizer se é bom ou não".


Pois é, um pequeno discurso de um professor e uma reflexão sobre o "fim" de uma de suas alunas.


Professor Vinícius, você não é o fim, mas sim o começo de várias pessoas e a lembrança em muitas outras. Cada um leva um pouco de você, falando contigo ou não. Fique feliz por ser o responsável do aprendizado de muitas pessoas, e por fazer parte da convivência delas também.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Do blog da Anna

"Vai uma dica aos ignorantes:

Chamar alguém de feio, não te deixa mais bonito,
Ficar sem comer não te deixa um palito,
Excluir uma pessoa não te torna mais popular, não são as marcas que vão te rotular,
Chamar alguém de gordo não te emagrece,
Dizer que uma pessoa é triste não traz felicidade,
Falar que alguém é fraco não te fortalece,
Dizer que uma pessoa é metida não te traz a humildade,
Falar que alguém é insignificante não te engrandece,
Dizer que uma pessoa é falsa não te leva à verdade,
Dinheiro não compra felicidade,
Conhecer muita gente não é o mesmo que ter amigos,
Ser famoso é diferente de ser querido,
Sexy não é o mesmo que vulgar,
Atração é diferente de amor."



Não sei quem escreveu, mas copiei o texto daqui: http://myreflection.zip.net/arch2010-11-21_2010-11-27.html
Que é o blog da Anna. xD

sábado, 20 de novembro de 2010

As possibilidades perdidas [Viver não dói]

Martha Medeiros

"Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fim da história deles? Nahh...

"Markus perdeu todo o auto controle. Seu peito parecia não obedecer-lhe mais. Ele tinha de se acalmar.

Lembrou-se de todas as vezes em que sua presença era sentida, todas as vezes em que era notado, em TODAS elas ambos se rendiam ao desejo, mas não podia fazer isso agora, não quando qualquer oscilação no ambiente pudesse romper a estrutura da ponte.

Markus gritou, correu até Anna, olhou para ela, tentou tocá-la, avisá-la, mas era inútil, sabia que era. Porém não conseguia evitar.

Então o vento soprou, gélido, e ela fechou os olhos, se abraçando.

- Markus?

Não! Não sou eu, saia daí! Saia agora!

E então algo aconteceu, e tão rápido quanto a história deles surgiu, Anna se foi, caindo nas profundezas do nada"



Xú, tava pensando em colocar: "Então ele caiu da cama" ou "Foi o pesadelo mais intenso" para poder dar começo à parte da história em que ele procura saber os motivos de ser sentido por ela e de estar apaixonado. Algo do tipo: "Céus, não sei porquê estou aqui, mas preciso muito descobrir". Principalmente porque o desejo não vai surgir todas as vezes (vai virar livro obsceno... *risos*) em que eles se encontrarem...


A Variante

Primeira parte do texto do dia 5 de setembro.

"Anna estava sentada há horas, na mesma posição, moldando o vaso, dando forma ao barro; Markus sabia que ela procurava dar forma àquilo que sentia dentro de si, sabia que seus sentimentos eram tão intensos e confusos/conflitantes quanto os dele.
Era o sétimo vaso. Aos olhos de um leigo estavam todos muito lindos, muito perfeitos, mas ele desconfiava que ela devia achá-los ocos, vazios, desprovidos de valor. Porém, por um momento, o trabalho incessante de Anna pareceu inexistente"

A Variante (2)

Quando deitou naquela noite, Anna sonhou .

Em seu sonho, havia uma praia, uma pedra e estava entardecendo; ela estava sozinha, mas sentia a presença dele. Não estava nervosa, ou ansiosa, estava em paz. Tanto que não se importou quando sentiu o outro atrás dela a envolver com os braços, deixando-a apoiar a cabeça em seu peito.

- Quem é você?

Silêncio. Por um instante fez com que a chama da dúvida acendesse. Porém o ouviu, pela primeira vez:

- Você não sabe? - beijou sua nuca lentamente - Não mesmo?

(parte da Nina que não lembro)

Ela virou para olhá-lo, e se surpreendeu quando percebeu que olhava para o teto do seu quarto.
Gemeu de contrariedade, mas se acalmou ao perceber que ouvira sua a voz e o sentira. Era o primeiro contato concreto com aquele que tanto mexia com seus sentimentos.

A Variante (mais texto)


"A Praça.
Anna abriu as cortinas e se deslumbrou com o que via: o sol iluminava as árvores de maneira tão mágica que as folhas pareciam refletir a luz uma das outras. Não era nem começo da primavera, mas havia flores por todo o lugar.
Não saberia descrever o que sentia ao ver aquilo.
Sortuda, talvez, por morar em frente a um lugar como aquele, ou feliz por ver que a natureza mostrava todo seu esplendor, mesmo quando as pessoas tentavam destruí-la.

Animada e cheia de energia, Anna pegou as chaves e foi dar uma volta na praça."

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Morte Devagar


Martha Medeiros


Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.


Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.


Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.


Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.


Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.


Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

A gente se acostuma


Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.

Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A música das almas

Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l'eau.
Claudel

Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos...
Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Experiência Revolucionária

O AMOR É UMA EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA QUE LIBERTA SUBITAMENTE OS AMANTES


Por que se fica apaixonado? Nada mais simples. Você se apaixona porque é jovem, porque envelhece, porque é velho, porque a primavera termina, porque o outono começa, porque tem demasiada energia, porque está cansado, porque está alegre, porque está entediado, porque alguém o ama... Tenho respostas em demasia: talvez a pergunta não seja tão simples, apesar de tudo...

O amor é um desafio e é com um desafio que os apaixonados preferem estar sós no mundo. O amor à primeira vista, o amor que liga dois seres é uma experiência revolucionária, que abole o direito dos outros, libera subitamente os amantes.

O amor não teria esta sombria violência se não fosse sempre para começar uma espécie de vingança.

O amor é desafio, liberação, vingança e conquista, que satisfaz uma neessidade ambígua, indefinida ou mesmo infinita. É uma força, um desabrochar, uma relação de si a si próprio.

Por que se fica apaixonado? Nada pode ser mais completo: porque é inverno e porque é verão; por excesso de trabalho; por excesso de lazer; por fraqueza; pela força; pelo gostar do perigo; pelo desespero; pela esperança; porque alguém não o ama; porque alguém o ama.

Simone de Beauvoir

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Amor Eterno


Muitas pessoas querem encontrar um amor para a vida toda, ou amarem intensamente alguém e serem correspondidos. Posso ir além e dizer que as pessoas querem alguém compatível, alguém que as complete, que as entenda e que esteja lá a todo momento.

Mas será que isso é real? Ou o amor que começa intenso vira respeito e amizade? Será que ao longo do amor, amamos outros, sem deixar de amar a um apenas? Digo, é possível continuar amando aquele, amar sua companhia, suas palavras, seus carinhos; mas é possível amar outros também, sem deixar de amá-lo? Não falo das pessoas que amam a vários de uma só vez, estou falando dos amores que surgem, do mormaço que surge em um dia quente e vai embora no dia seguinte.


Afinal, existe amor eterno ou não?


Conheci uma menina que amou uma vez. Ela dizia sofrer pelo amado, sofrer pelas vezes que ele a ignorava, pela frieza com que era tratada, pelo mistério que era o outro para ela - até aí... Todos somos um mistério até que alguém se proponha a nos desvendar/resolver - e pela constante negatividade do amor dele, pois era sempre ela quem lhe amava.
Haviam muitas brigas, discussões, lágrimas, risos de escárnio e solidão.

O amor foi traído. Então, como uma pessoa que não para de correr até tropeçar e se machucar muito, o amor parou, acabou.

E a menina disse que era por esses sujeitos que ela não amava de verdade.

Mas, inconstante como sempre e belo como nunca, o amor voltou, arrebatador, pegando-a de surpresa. E ela, advertida pela recente dor de uma traição, pediu ao anjo para que ele a conquistasse, fazendo, dessa maneira, a experiência de amar, amável.
O amor provou-se persistente e vencedor; essa menina hoje ama intensamente, e é amada na mesma proporção. A dor passou. Novos planos surgiram, coisas que essa menina não pensava, atitudes que ela não tomaria, antes de sofrer.

Por isso eu digo que do mal sempre tiramos algo bom.

O amor dela, hoje, é calmo, pacífico, misericordioso. Sem dores, sem desconfiança, o anjo não é um mistério, e esses dois se dão tão bem, que é possível, sim, dizer que há amor eterno, que não acaba, não se finda.


Como eu sou mais racional do que romântica, das três chamas (Fé Amor Esperança), a última que morre não é o amor, é a Fé. Portanto, talvez me contradiga agora, se o amor um dia acabar, a fé de que ele ressurja não acabará, fazendo com que, talvez, ele volte.
Mais arrebatador do que nunca. Talvez um outro amor, talvez o mesmo. Quem sabe?


O amor, em si, é eterno, mas amar é uma arte e uma prática de constante dedicação. Se você não cuidar do mesmo, o jardim morre. As estações mudam, a chuva vem, o calor, e o amor pode sempre ressurgir.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quando desculpas não são suficientes

Você já magoou alguém a tal ponto de um "desculpa" não servir para nada? Mesmo que você pare de fazer aquilo que a pessoa não gostava? Ou talvez a dor foi tão grande que é como se a pessoa tivesse te esfaqueado, posto limão encima, te espancado e dito as coisas mais humilhantes que alguém possa ouvir?

O que vocês fazem?


Ouvi uma vez que qualquer tipo de relacionamento é como uma conta bancária. Cada palavra de conforto, cada elogio, cada vez que a pessoa precisou apenas da sua presença, ou que você esteve lá quando não sabia que ela tava precisando, cada segredo compartilhado e cada passo a mais de intimidade são os depósitos. Já quando você a magoa, sendo desrespeitoso, não levando em consideração algo chamado "não conte para ninguém", mentindo, traindo, ignorando, são os saques. O grande problema do esquema todo é que o depósito é feito de pequenas quantias; o saque, de grandes.

Por exemplo, digamos que cada depósito vale 1 e cada saque vale 5. Se você só faz merda com o outro, como quer que a amizade seja positiva? E se a amizade tiver no começo? Nem vai adiante.


E quando a relação é familiar? Você não pode fugir da sua mãe, do seu pai, ou de seus irmãos, não dá para ignorá-los, fingir que não os vê. E quando você PRECISA falar com eles? Como quando precisa que um deles te leve ou quando come a comida que sua mãe fez e tem aquele clima super pesado.


O que vocês fazem?




PS.: meu objetivo não é responder a pergunta, mas deixá-la no ar, porque assim vocês podem me dar sua própria resposta. Quem vai ser o primeiro?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Uma frase sobre a vida



"A vida é como um livro que você escreve a caneta, se você errar e tentar passar por cima, provavelmente vai borrar e estragar o sentido do que vem pela frente." Rafael Mendes.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Não Sei Quantas Almas Tenho



Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Alberto Caeiro

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A chuva

A conversa.




M: Meu, eu AMO a chuva. Melhora meu dia em 75%.
R: Por que?
M: Eu gosto de dias cinzentos, do frio, das cobertas e do vento na cara.
R: Isso dá um ar de liberdade, sabe?
M: Mas é essa a sensação que tenho. Porque você pode se proteger contra isso e é livre pra fazer isso da maneira que quiser. Nos dias quentes, não. Você não pode fugir, é um prisioneiro, entende?


E não é mesmo? Você não foge do Sol, e a única maneira de se resfriar é tomando banho (ou se jogando na piscina), ficando em uma sala com ar-condicionado ou debaixo de um ventilador (se for o de teto). Isso sem falar quando tem que andar e ser castigado pelo calor. No frio, você tem proteção, no "quente", não.


Ps.: Não falo "calor" porque aprendi com um professor de física que calor é energia em movimento/transição, e é errado falar que "está com calor".


Podia ir além, claro, mas não consigo expressar em palavras o que sinto quando vejo que está chovendo ou ouço o barulho da água caindo e de trovões. Não consigo, só expressei uma partezinha. E acredito ser suficiente.

sábado, 23 de outubro de 2010

A relação entre elas

Sweet Disposition - The Temper Trap

"Sweet Disposition
Never Too Soon
Oh, reckless abandon
Like no one
Is watching you

(...)

So stay here
'cause I'll be coming over
And while our bloods still young
It's so young
It runs
And we won't stop until its over
Won't stop to surrender"


Possibility - Lykke Li

"There's a possibility
There's a possibility
All that I had was all I'm gonna get

(...)

So tell me when you hear my heart stop
You're the only one that knows
Tell me when you hear my silence
There's a possibility I wouldn't know

So tell me when my silence's over
You're the reason why I'm closed
Tell me when you hear me falling
There's a possibility I wouldn't show"


Wow, eu podia ser bem depressiva e escrever textos sobre como o amor não correspondido dói, mas não tô sofrendo por isso, e no momento não estou amando, então eu poderia muito bem colocar aqui que vocês podem interpretar as músicas da maneira que quiserem, mas aí não precisaria de um blog pra isso.

Então vou falar sobre esperança, porque é, mesmo que subliminarmente, o que eu peguei das músicas.

Então, sabe quando a vida tá ruim e as pessoas dizem que "vai dar tudo certo?" e fingimos ignorá-las, dizendo para nós mesmo, repetidamente, que vai dar tudo errado, e que não conseguiremos e bláblá? Eu acredito, cegamente, que no fundo, nós estamos dizendo que "vai dar tudo certo" sim só para ter o gostinho (ou não, depende do esforço de cada um) de ver que estávamos errados no final e que as coisas sempre dão certo no final.

Claro, poderia estragar tudo agora dizendo que nem sempre dá certo, mas isso realmente depende de cada um.

Eu, por exemplo, quando tenho um desafio, eu fujo, me acovardo, penso em como vai ser, se vou dar conta ou não, etc etc. e, quando persisto, vejo que dá certo sim, e que as coisas podem ser melhores, e que as coisas dão certo, não o "seu certo", mas o que é melhor para você. E isso leva a outra discussão, mas aí estaria fugindo do meu objetivo, então vou parar por aqui.




Claro, se você analisar bem as músicas, vai ver que elas estão indo para o lado romântico das coisas, e, especialmente a segunda, sendo bem negativas com relação aquilo que esperam do que está por vir. Mas quem garante que o cantor (ou quem escreveu a música) também não desejou, deep inside, que, no final, tudo desse certo?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O que a curiosidade fez

Hoje eu estava calmamente em minha carteira, vendo todas aquelas folhas de recuperação sendo entregues, quando a de Literatura me chamou MUITA atenção, tinha uns textos GIGANTES e uma pergunta apenas.

Aí eu, muito curiosa, perguntei (eu perguntei) para a professora se ela me daria uma folha. Ela disse que sim e eu tô com três textos muito interessantes.

Vou colocar UM deles aqui.


Como eu te amo

Como se ama o silêncio, a luz, o aroma
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá na extrema do horizonte assoma;

Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite na mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vaivém a nau flutua;
Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;

Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora;

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e pergume e vida
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus;

Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, - mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. - Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta sofrer, por tudo eu te amo.

Gonçalves Dias.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Valores

Foi assim que eu recebi, se não der pra ler, me falem que eu dou uma editada.

Deficiências

DEFICIÊNCIAS - Mario Quintana (30/07/1906 - 05/05/1994).


"Deficiente"
é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.


"
A amizade é um amor que nunca morre.. "

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Momentos epifânicos

Gente, tive um momento epifânico. Faz muito tempo (não muito da quantidade anos, mas acho que uns 2 meses).

Estava conversando no msn, quando pensei que fosse o último dia do pagamento da Unicamp e entrei em colapso, disse para meu amigo que teria de sair, e que depois falaria com ele. E tão simples assim, desliguei o laptop e fechei. Quando fez o clack (porque uso um pouco mais de força do que o devido), caiu a ficha de que o msn é uma mentira. Você está falando então você fecha tudo e pronto, acabou. É como fechar a porta na cara de alguém, ou como desligar na cara da pessoa. É uma coisa egoísta, você faz o que quer, então sai.

Eu me perguntei como meu amigo se sentiu, mas não perguntei a ele. E acho que nunca perguntarei, afinal.

Foi uma coisa tão intensa que eu até esqueci o que ia fazer. No final das contas, não era o último dia, meu pai já tinha pagado e estava tudo certo. Mas a ficha só teria caído se tivesse entrado em desespero, caso contrário... Quem sabe?



Outra coisa foi no meio de um enterro. Sério, todo o respeito às pessoas que fazem e vão e talz, mas eu achei tão desnecessário colocar a pessoa exposta a tudo e a todos. Meu, ela MORREU, para que colocar a pessoa MORTA no caixão para que os outros vejam?

É uma espécie de adoração, como se as pessoas quisessem prolongar o tempo com a outra, a memória que tem da outra.

Desde esse momento, disse aos meus pais que não queria enterro.




Enfim, tenho momentos desses ao longo dos dias, mas alguns são tão idiotas que me esqueço deles.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

A Variante (parte de um outro texto)

Hah, não me aguentei.

"... e uma sensação sufocante caiu sobre ele: o que sentia por ela?

Vendo-a ali, com o suor escorrendo por suas têmporas, os cachos emoldurando-lhe o rosto e a boca semi-aberta, como que preparada para receber um beijo de alguém, prepara para ser tomada como nunca fora antes, ele soube.

Talvez ele já soubesse, talvez há tivesse resposta para aquela pergunta, talvez fosse tão óbvio que nunca houve realmente alguma dúvida.

Ele a amava?

Sim, como todo o ímpeto de seu seer, desde o mais profundo daquilo que ele podia chamar de alma. Vivia cada dia para ela, por ela, com ela; acreditava que ela era mais essencial para sua existência do que o oxigênio para a existência deles.

Por sinal, vê-la como estava agora [não vou colocar essa parte porque só queria colocar a parte sentimental da coisa] era torturante, angustiante. Só ela podia sentí-lo, apenas ela sabia que ele estava lá, mas ele parecia preso num sonho, não a sentia, não conseguia fazer com que ela o escutasse. Na verdade, apenas em momentos como aquele, em que tinha certeza do amor que sentia, que conseguia uma reação da parte dela, apenas quando o desejo e o amor se fundiam em um só é que tinha certeza de que aquilo que tinham, seja lá o que fosse, não era uma mentira."


Ow menina com água no cérebro do meu S2, nem que seja por resposta, ou que vc tenha também acesso ao meu blog, seria bacana você me mostrar os seus textos e a gente já ir imaginando/programando uma sinopse/ordem de acontecimentos. Pode pedir ajuda pro seu super boy.

Beijão.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Justiça/Injustiça


[359b-360a] Glauco: vamos provar que a justiça só é praticada contra
a própria vontade dos indivíduos e devido à incapacidade de se fazer a
injustiça, imaginando o que se segue. Vamos supor que se dê ao homem de bem e aos injustos igual poder de fazer o que quiserem, seguindo-o para ver até onde os leva a paixão. Veremos com surpresa o homem de bem tomar o mesmo caminho que o injusto, este impulsionado a querer sempre mais, impulso que se encontrar em toda natureza, mas ao qual a força da lei impõe limites. O melhor meio de testá-los da maneira como digo seria dar-lhe o mesmo poder que, segundo dizem, teve Giges, o antepassado do rei da Lídia.

Giges era um pastor a serviço do então soberano da Lídia. Devido a uma
terrível tempestade e a um terremoto, abriu-se uma fenda no chão no local onde pastoreava o seu rebanho. Movido pela curiosidade, desceu pela fenda e viu, admirado, um cavalo de bronze, oco, com aberturas. E ao olhar através de uma das aberturas viu um homem de estatura gigantesca que parecia estar morto. O homem estava nu e tinha apenas um anel de ouro na mão. Giges o pegou e foi embora.
Mais tarde, tendo os pastores se reunido, como de hábito, para fazer
um relatório sobre os rebanhos ao rei, Giges compareceu à reunião usando o anel. Sentado entre os pastores, girou por acaso o anel, virando a pedra para o lado de dentro de sua mão, e imediatamente tornou-se invisível para os outros, que falavam dele como se não estivesse ali, o que o deixou muito espantado. Girou de novo o anel, rodando a pedra para fora, e tornou-se novamente visível. Perplexo, repetiu o feito para certificar-se de que o anel tinha esse poder e concluiu que ao virar a pedra para dentro tornava-se invisível e ao girá-la para fora voltava a ser visível.
Tendo certeza disso, juntou-se aos pastores que iriam até o rei como
representantes do grupo. Chegando ao palácio, seduziu a rainha e com a ajuda dela atacou e matou o soberano, apoderando-se do trono.

Vamos supor agora que existam dois anéis como este e que seja dado um ao justo e outro ao injusto. Ao que parece não encontraremos ninguém suficientemente dotado de força de vontade para permanecer justo e resistir à tentação de tomrar o que pertence a outro, já que poderia impunemente tomar o que quisesse no mercado, invadir as casas e ter relações sexuais com quem quisesse, matar e quebrar as armas dos
outros. Em suma, agir como se fosse um deus. Nada o distinguiria do
injusto, ambos tenderiam a fazer o mesmo e veríamos nisso a prova de que ninguém é justo porque deseja, mas por imposição.
A justiça não é, portanto, uma qualidade individual, pois sempre que
acreditarmos que podemos praticar atos injustos não deixaremos de fazê-lo.

De fato, todos os homens creem que a injustiça lhes traz individualmente
mais vantagens do que a justiça, e têm razão, se levarmos em conta os adeptos dessa doutrina. Se um homem que tivesse tal poder não consentisse nunca em cometer um ato injusto e tomar o que quisesse de outro, acabaria por ser considerado, por aqueles que conhecessem o seu segredo, como o mais infeliz e tolo dos homens. Não deixariam de elogiar publicamente a sua virtude, mas para disfarçarem, por receio de sofrerem eles próprios algumas injustiça. Era isso o que tinha a dizer.


Texto tirado do livro "Textos Básicos de ÉTICA de Platão a Foucault", de Danilo Marcondes.

Muito bom, falae.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Haffik

Seguinte povo, eu tenho um amigo que escreve uns SUPER poemas, e eu pensei em fazer esse mês, o mês do Haffik. Cada dia vou colocar um poema dele (a partir da semana que vem).

Então, o nome dele é André Haffik não sei o que, ele tem 17 (ou 16 ainda?) anos. Eu gosto muito da maneira implícita que ele fala da entrega dos amantes, da maneira explícita que ele trata o amor, e até a morte. Os poemas tristes são tristes mesmo, não a ponto de te fazer chorar, mas quase. Ele ama colocar rimas internas nos poemas e externas também. É super exigente com relação a tudo isso.

Então, a partir de... quarta? Eu começo a colocar os poemas dele aqui. Vou avisando de antemão porque talvez eu não escreva nada meu durante esse tempo.

Bjão.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aquilo


"Quando aquilo apareceu na cidade, teve gente que levou um susto.
Teve gente que caiu na risada. Teve gente que tremeu de medo.
E gente que achou uma delícia.
E gente arrancando os cabelos.
E gente soltando rojões.
E gente mordendo a língua, perdendo o sono, gritando viva, roendo as unhas, batendo palma, fugindo apavorada e ainda gente ficando muito muito, muito feliz.
Uns tinham certeza de que aquilo não podia ser de jeito nenhum.
Outros também tinham certeza. Disseram: - Viva! Que bom! Até que enfim!
Muitos ficaram preocupados. Exigiram que aquilo fosse proibido. Garantiram que aquilo era impossível. Que aquilo era errado. Que aquilo podia ser muito perigoso.
Outros, tranqüilos, festejaram, deram risada, comemoraram e, abraçados, saíram pelas ruas, cantando e dançando felizes da vida.
Alguns, inconformados, resolveram perseguir aquilo. Disseram que aquilo não valia nada. Disseram que era preciso acabar logo com aquilo ou, pelo menos, pegar e mandar aquilo para bem longe.
Muitos defenderam e elogiaram aquilo. Juraram que aquilo era bom. Que aquilo ia ser melhor para todos. Que esperavam aquilo faz tempo. Que aquilo era importante, bonito e precioso.
Alguém decidiu acabar com aquilo de qualquer jeito.
Mas outro alguém disse não! E foi correndo esconder aquilo devagarinho no fundo do coração"


Esse texto super criativo e que deixa as pessoas muito curiosas é de Ricardo Azevedo, todos os direitos a ele. Ah... Eu tirei do site do nosso professor de matemática, Vinícius. http://www.senhorprofessorvinicius.tk/

Se vocês sabem o que é, não contem.